terça-feira, 13 de maio de 2014

uma aventura em - rota da luz (4 de maio)

Depois da excelente experiência que vivemos no ano transacto quando participamos no evento Uma aventura em de S. João de Ver, onde, apesar das dificuldades sentidas e do último lugar na classificação, sentimos uma grande satisfação e alegria pelo tipo de evento que era e decidimos participar em datas seguintes, a verdade é que, umas vezes por trabalho, outras pela existência de compromissos prévios, não nos foi possível entrar em mais nenhum dos eventos de 2013. Mantivemo-nos, no entanto, sempre atentos ao site respectivo e, assim que foi anunciada a primeira data de 2014, decidimos fazer a nossa inscrição.

Como a orientação em btt obriga, mais do que a alguma experiência na leitura de mapas, à utilização do material adequado, nomeadamente o suporte de mapa para bicicleta, que nós não possuímos, decidimos não participar no escalão aventura, que implica a realização de ambos os percursos, btt e pedestre, e escolhemos participar apenas no escalão promoção ori-pedestre, fazendo apenas, portanto, a parte do trail running de orientação.


O dia estava quente e, após tratar da parte burocrática, pagando e obtendo os cartões de marcação, aproveitando para obter algumas informações sobre o terreno por forma a podermos escolher o calçado mais adequado, voltamos ao carro para nos equiparmos e, sempre importante, colocar protector solar factor 50 e garantir que não esquecíamos os chapéus. Nunca se deve facilitar.

Voltando ao local de partida para o breefing da organização, ouvimos todas as instruções atentamente e logo de seguida procurámos uma sombra para assistir ao início da prova do escalão aventura, enquanto aguardávamos pela hora da nossa própria largada, feita em grupo, dirigindo-se cada equipa ao local onde estão colocados os mapas, um por equipa, para que apenas aí tenham conhecimento do percurso e possam decidir a estratégia para o realizar.

fotografia da organização

Quando foi a nossa vez, pegamos num mapa e, sem outro plano que não fosse tentar seguir uma lógica de continuação de percurso, onde não fosse necessário andar muito para a frente e para trás, tentando sempre seguir em circuito, decidimos ir em primeiro lugar ao check point (CP) 1, daí seguindo para o CP 10 e, depois, fazendo todos até chegar ao CP 2, já perto do CP final.

Assim foi e, logo ao fim de alguns minutos, o CP 1 estava marcado nos cartões e seguíamos já para o CP 10 que, no meio de um aglomerado de árvores no cimo de uma pequena colina, nos demorou um pouco mais. Sempre seguindo e tentando gerir o 1,5 L de água que tínhamos na mochila tendo em conta o calor que cada vez mais se fazia sentir, lá fomos lendo o mapa e correndo ao nosso ritmo e chegando, mais ou menos fácil e rápido, aos CP a que nos dirigíamos.


Até que era altura do CP 7, que valia dois pontos, o que implicava que seria mais difícil de o encontrar. Nesta altura, íamos perto de uma outra equipa que tínhamos encontrado junto ao CP 8 e que, apesar de após esse ponto terem seguido um caminho diferente, a determinada altura estávamos no mesmo trilho. Na busca por este difícil CP 7, voltamos a separar-nos deles e até os deixámos de ver. Enquanto andávamos por entre árvores, folhas secas e ramos cortados, sem trilho definido, certos que o CP não estaria longe mas sem o avistarmos, voltamos a ver essa equipa já em direcção a uma descida. Como não nos deram qualquer indicação (e nestas coisas a entreajuda, independentemente da competição, é abundante), assumimos que não o tinham encontrado e decidiram avançar (o que viemos a confirmar no final quando nos questionaram se o tínhamos encontrado e onde estava). Nós não desistimos e, uns minutos depois, lá o encontramos, escondido mas perto de um trilho que estava do lado oposto, uns 30 m mais leste de onde andávamos.

Como perdemos algum tempo até fazer esta marcação e ao ler o mapa verificamos que o trilho nos levaria para trás relativamente ao ponto para o qual queríamos seguir, decidimos arriscar e fazer uma diagonal para a nossa esquerda, em direcção a noroeste, descendo a colina em direcção a uma linha de água indicada no mapa, que não víamos nem ouvíamos mas que não seria longe. Esta opção revelou-se pouco acertada, pois andámos, literalmente, no meio do mato. Não conseguimos fazer a descida pretendida de forma seguida, tendo de ir ziguezagueando, ora descendo ora subindo um pouco para poder passar, mas lá chegámos, com muitos arranhões nas pernas e braços, à desejada linha de água. Mas o erro não terminava aqui, pois no local onde atingimos o riacho não era possível atravessar. Apesar de o curso de água ser estreito e pouco profundo, a margem do outro lado era demasiado ingreme para subirmos. 


Fomos então caminhando pela margem onde estávamos até que esta também se tornou intransitável. À pergunta “e agora?” a reposta inevitável foi “vamos pela água”. E foi assim que caminhamos cerca de 50 m dentro de água, a maior parte do percurso com água um pouco acima dos joelhos, mas em dois locais tendo mesmo de molhar a cintura. Até que, à nossa direita, apareceu o local onde já dava para subir e, logo a 5 m, o trilho que nos levaria para norte, local onde estaria o CP 6. Conclusão deste atalho: 1 km em cerca de 32 minutos! Realmente, “quem se mete por atalhos mete-se em trabalhos”.

Este tempo perdido, e a dificuldade do terreno, desmoralizaram um pouco, mas como não vamos para competir, a não ser com os nossos próprios limites e dificuldades, lá arranjamos uma nova motivação, até porque agora estávamos num trilho bom para correr e tínhamos uma grande recta, ainda que com algumas subidas e descidas para fazer. 


Fomos sempre seguindo a ordem descendente dos CP, passando por locais fantásticos, tão perto da civilização, nomeadamente duas auto estradas, e no entanto tão selvagem como no início dos tempos. Avistamos participantes do btt e até um grupo de motociclistas a fazer também os seus trilhos de domingo, passámos por subidas ingremes, descidas técnicas de pedra, riachos e até um pequeno lago, para não falar de densos arvoredos e até uma fonte de água abundante, onde nos refrescámos mas não enchemos o nosso reservatório pois não sabíamos da qualidade da mesma, apesar de desconfiarmos que deveria ser boa, assim ali tão fresca e limpa – no final, segundo palavras de um elemento da organização soubemos ser “da melhor água da região”. Para a próxima já sabemos.

Após marcarmos o CP 3, quando já só faltava o 2 e o final, surge uma dificuldade extra: teríamos de correr uns 2 km sem qualquer tipo de sombra, sob o sol intenso e abrasador das 12h30 e já sem água nenhuma. 


Logicamente, abrandámos, ainda mais, o ritmo, para poder poupar energias, pois estávamos tão perto do final e de cumprir todos os CP que não queríamos deixar que nada estragasse a possibilidade de podermos terminar esta nossa segunda participação nos eventos Uma aventura em com a sensação de dever cumprido.

Assim, após uma subida difícil em empedrado, virámos a direita como nos indicava a leitura do mapa e eis que vemos uma pequena descida para o campo de jogos onde estava a meta e o desejado CP final.

fotografia da organização

Com a motivação extra de quem está a terminar e superar mais um desafio, sorrisos nas caras, apressámos o passo para a marcação que faltava e entregarmos os cartões ao elemento da organização responsável pelo registo de tempos e CP´s marcados. Enquanto repunhamos os níveis de hidratação e respondíamos as perguntas sobre se tínhamos gostado e que dificuldades tínhamos sentido, fazemos nós a pergunta “e já chegou toda a gente?”. E aqui, uma surpresa: “não, vocês são a terceira equipa!”. A sério? Seria possível que, com a nossa habitual abordagem de fazermos o percurso ao nosso ritmo, sem preocupações competitivas, iriamos fazer o nosso primeiro pódio? Com esta ideia, fomos ao carro buscar as coisas para usufruir dos banhos quentes disponibilizados pela organização e, após estes, comermos uma fruta e assistir à chegada dos restantes participantes quer da ori pedestre, quer do ori btt, além, é claro, do escalão aventura. 

Depois de todos chegarem e de ser dado tempo para quem quisesse tomar banho, aguardava-se a saída das classificações finais e respectivas entregas de prémios. E é aqui que surge a grande surpresa, não apenas do dia mas de sempre, desde que começámos a participar em eventos organizados: no escalão de promoção ori pedestre a lista de classificação apresentava em primeiro lugar a…. P&A Team! Olhámos um para o outro incrédulos. “Não pode ser!” foi, efectivamente, a primeira reacção. Tivemos de ir rever a folha afixada para confirmar. E lá estava: apesar de haver duas equipas mas rápidas, nós tínhamos mais pontos, fruto de termos marcado todos os CP´s, o que não aconteceu com os restantes. E como a classificação é dada pelos pontos, e apenas em caso de empate a decisão é feita pelo tempo, estava explicado o nosso primeiro lugar.


Tivemos direito a ida ao pódio, prémio e fotografia! Não entramos nos eventos para isto, mas é verdade que sentimos uma alegria diferente, sobretudo pela surpresa que foi. No final, nos sorteios realizados, ainda tivemos mais uma felicidade: recebemos uma mochila de hidratação, oferta das lojas Santigo Bikes.

O próximo evento Uma aventura em será em Oliveira de Azeméis, em Julho. Nós prevemos lá estar. E quem gostar de btt ou de trail e de orientação deverá estar também! Até porque, além do desafio, as organizações são boas, o ambiente fantástico e os trilhos lindos!

fotografia da organização

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