Passava
pouco das 9h quando chegámos a Vila do Conde, junto ao forte de S. João, local
onde teria início a corrida da marginal 2013.
A
manhã estava um pouco encoberta e com um vento fresco, mas não desagradável.
Levantados
os dorsais, onde deu para reparar alguma desorganização - ou pelo menos
desorientação – das pessoas que estavam no secretariado, voltámos ao carro para
nos prepararmos e darmos início aos exercícios de aquecimento.
A
Anita, que vinha de um período de 3 jogos em 9 dias, queixava-se de cansaço e
algum desconforto muscular, prevendo dificuldades na corrida. Eu, a finalizar
uma semana de gripe e ainda com dificuldades respiratórias, estava mais
tranquilo.
Quando
nos dirigimos para o pórtico de início, tivemos a confirmação de algo que tínhamos
suspeitado quando reparámos na extrema facilidade em estacionar o carro: muito
poucas pessoas a participar, principalmente comparando com os últimos eventos
em que entrámos. Sabemos que este fim de semana havia mais eventos,
nomeadamente a maratona do Douro vinhateiro, mas mesmo assim parece-nos que uma
prova curta, fácil pelo percurso plano, num local tão bonito e agradável,
sempre junto ao mar, deveria ter mais participantes, especialmente aqueles que
se iniciam nestas andanças.
A
partida foi dada a horas mas de forma um pouco displicente. Não havia qualquer
tipo de sinal sonoro nem amplificação de voz que permitisse a todos
aperceberem-se claramente do início da corrida e respectiva cronometragem.
Neste ponto temos de admitir que a fraca presença de participantes até ajudou a
que não houvesse grande confusão.
Partimos
em bom ritmo, e logo nos primeiro metros vimos um amigo, mais rodado neste tipo
de eventos, e fomos para junto dele para o cumprimentarmos e trocarmos mais
umas palavras. Isto levou a que corrêssemos o primeiro km a um ritmo mais
elevado do que o nosso habitual.
A
partir daí, voltamos ao nosso passo, ao nosso ritmo de conforto, e começamos a poder
apreciar o percurso e aproveitar o tempo, que entretanto tinha aberto e
aquecido um pouco.
Ao
completarmos o 3º km, a Anita voltou a referir o seu cansaço muscular,
utilizando a frase “parece que já fiz 7 km´s e não 3!”. Eu, apesar da dificuldade
óbvia em oxigenar devido à obstrução parcial das vias respiratórias superiores,
sentia-me bem.
O
tempo e os km´s foram passando quase sem darmos conta, ora porque íamos
passando por pontos conhecidos (como o casino da póvoa, por exemplo), ora
porque íamos apreciando a paisagem e as pessoas que, ao longo de toda a
marginal, assistiam à passagem dos participantes.
Deu-se
então a chegada ao km 5, ponto de retorno, mesmo junto às piscinas da póvoa. E
foi onde começou a chover, também!
O
início do km 6 foi, pela chuva e pelo vento de frente, marcado por uma maior
dificuldade, que conseguimos rapidamente superar e continuar no nosso ritmo.
Ao
finalizar este km, tive de parar para ajustar as joelheiras, o que é normal de
acontecer. O que já não é normal é depois deste ajuste, ao retomar a corrida, a
joelheira esquerda ter ficado a magoar-me. Nova paragem para novo ajuste e,
nova surpresa, continuei a sentir desconforto no joelho. Desta vez tomei a
decisão de continuar a correr, suportando a dor, na esperança de que com o
movimento a joelheira se deslocasse o suficiente para deixar de me magoar,
ficando no entanto no local devido para me dar o suporte imprescindível para
correr. O que acabou por acontecer.
Claro
que com estas duas paragens e abrandamento de ritmo, fiquei um pouco
distanciado da Anita, o que também é normal. Desta vez, no entanto, quando
tentei acelerar um pouco o passo para me colar a ela, vi que não estava capaz.
Sentia-me com grandes dificuldades para respirar e os músculos não estavam a
responder ao meu pedido de aumento de ritmo.
Decidi
manter-me no mesmo ritmo, usando-a como ponto de marcação, tentando manter
sempre a distância que nos separava. Esforço infrutífero. Não estava mesmo a
aguentar. A entrada no km 8 foi penosa e tive mesmo de abrandar, verificando o
aumentar paulatino da distância entre nós. Pela primeira vez desde que entramos
em eventos deste tipo pensei, não em desistir, mas em parar de correr e
caminhar durante algum tempo.
Apesar
disto, tentei forçar-me a continuar, pois vinha em dificuldades mas não em
sofrimento. Mantinha a Anita no campo visual e vi que estava à frente de um
pequeno grupo de 5 ou 6 pessoas e ao lado de uma outra rapariga que corria
sensivelmente ao mesmo ritmo.
A
partir do km 8 toda a minha concentração era no sentido de não desistir e de
não parar, estabelecendo pequenos objectivos parciais, por forma a não pensar
na distância/tempo que ainda faltava. Fui pensando: “corro só até aquele
semáforo”, depois de lá chegar “agora até ao restaurante”, depois “agora até
àquela torre” e assim sucessivamente. Até na recta final, mesmo com a meta à
vista, tive de fazer isso, tal era a dificuldade que sentia.
Entretanto
ia vendo a Anita a olhar para trás e a ver a distância entre nós a aumentar.
Tentei fazer-lhe sinal para que continuasse e não esperasse por mim, mas não
consegui. No entanto ela, sempre perspicaz, não o fez e continuou no seu ritmo,
sem parar em direcção à meta.
Desta
vez não cortámos a meta juntos, tendo havido cerca de 800m entre nós e quase 3
minutos de diferença. Sim, porque eu, nos últimos 300 ou 400 metros, tentei um
aumento de ritmo final. Ou conseguia recuperar um pouco ou rebentava de vez. E
recuperei. E o abraço que recebi da Anita, que me esperava na meta, valeu bem o
esforço e sacrifício que fiz nos últimos km´s.
Apesar
disto tudo, fizemos ambos menos de uma hora para os 10 km e mais uns metros da
prova. Curiosamente, mais tarde verificámos, ao analisar os registos do gps,
que corremos a maioria dos km´s num ritmo mais elevado do nosso habitual, o que
também pode explicar um pouco as minhas dificuldades. Mas mostra, sem duvida,
que a habituação à corrida, o facto de andarmos a correr mais vezes, faz com
que quase inconscientemente, sem querermos, estamos a ganhar ritmo e cadência.
O que poderá também querer dizer que estaremos a ficar em melhor forma. Ou
seja, estamos no bom caminho do nosso objectivo de estilo de vida mais
saudável!
Por
isso, só podemos continuar a dizer: caminhem, corram, andem de bicicleta,
nadem. O que quiserem, mas façam desporto. A vida é melhor assim!