sexta-feira, 4 de abril de 2014

corrida do mar

Desde o início de 2014 que ainda só tínhamos participado numa corrida de estrada, a Corrida dos Reis, em Aveiro, e mesmo nessa apenas o Pedro marcou presença. É verdade que neste ano temos estado mais voltados para os eventos de trail, excepção feita à participação no duatlo de Famalicão.

Mas desta vez havia um evento de estrada, em que nunca tínhamos participado e que não coincidia com nenhum trail. Juntando este facto ao desafio que a Sílvia nos fez para irmos fazer esta corrida com ela e com o Eurico, estava então marcada a nossa presença na Corrida do Mar, em Leça da Palmeira.


Como sempre, o dia começou bem cedo, com frio e chuva, e pelas 9h00 já estava o carro estacionado e entrávamos no café onde ficaríamos, quentinhos e confortáveis, até bem perto da hora de início da prova, marcada para as 10h00. Durante este tempo de espera, discutíamos, sobretudo quando a chuva aumentou de intensidade, se valeria a pena efectivamente participarmos e fazermos os 10 km debaixo de chuva e vento frio. A conclusão óbvia foi: “se fizemos o duatlo com as condições que estavam, isto não é nada!”

Com a decisão final de não voltar as costas à corrida, foi tomada também uma outra: iríamos ao carro para terminar a preparação do equipamento e aí ficaríamos mesmo até uns minutos antes da partida, indo depois a correr até lá. A Sílvia e o Eurico já estavam connosco (apesar de ele, por lesão, estar impedido de correr, foi valente e levantou-se cedo para nos acompanhar e incentivar a todos, especialmente à Sílvia, claro) e concordaram com esta opção. O plano foi mantido, com uma pequena alteração: uns amigos que iam participar na caminhada viram-nos no carro e foram lá ter connosco e acabámos por ir todos juntos até ao ponto de início mas a caminhar, não em corrida.


Por esta razão, mal entrámos na zona vedada para esperar pelo tiro de partida, ouvimos o speaker oficial da Runporto anunciar: “Falta um minuto!”. Óptimo, não estaríamos muito tempo ao frio antes de começar a realmente aquecer. Felizmente, a chuva tinha parado momentaneamente. Apesar disso, mantivemos os impermeáveis vestidos.

Começou a corrida e, por estarmos mesmo, mesmo no final do pelotão, à frente do grupo da caminhada (apesar de, mais uma vez, alguns desses participantes se terem infiltrado no grupo de corredores o que, na nossa opinião, como já tivemos oportunidade de escrever, constitui não apenas uma falta de respeito mas sobretudo um perigo), fomos logo desde o início passando alguns participantes e não foi possível, por isso, irmos todos lado a lado. Não que isso seja importante (é apenas algo que gostamos de fazer e nos dá um gosto extra não apenas na corrida mas também na participação em eventos), mas, neste caso, vem a ser influente no decorrer do percurso.

Assim, lá íamos todos serpenteando por entre os concorrentes mais lentos (não que sejamos um exemplo de velocidade, eheheh), alternando quem dos três ia na frente, às vezes ficando um ou outro um pouco mais para trás. Como era um grupo grande de participantes, este ritual foi sendo mantido praticamente sempre até voltarmos a passar no farol, em direcção ao cabo do mundo.


Entretanto, ainda na ida para a APDL, quando chegávamos perto do McDonald´s, vinham já em sentido contrário os primeiros concorrentes (e todos os restantes atrás deles, ainda que já com alguma distância, pois a partir daí não deixámos mais, até final da prova, de nos cruzar com pessoas). Incrível como ainda não tendo completado o 2º km, já outros estava a entrar no 4º km. Enfim! A vantagem destes cruzamentos é podermos ver quem participa, ir reconhecendo caras e cumprimentando amigos, sejam os de longa data, sejam aqueles que conhecemos desde que nos iniciámos nestas aventuras.

Após o primeiro retorno, quando se tomava a direcção do cabo do mundo, o Pedro começou a “ferver” e foi obrigado a despir o impermeável e a prendê-lo à volta da cintura. Esta operação, não sendo complicada, e todos estarmos habituados desde pequenos a despir casacos, não é fácil de fazer em corrida, principalmente tentando manter o ritmo, ainda que este não seja muito elevado. Mas ele lá conseguiu. Até agora estamos para perceber se não o voltou a vestir - não pela chuva, que esteve ausente até final do percurso (pelo menos para nós, pois quando recomeçou a chover ainda algumas pessoas corriam e outras caminhavam), mas pelo frio que se sentiu nos últimos 2 km - porque estava tão quente que o frio foi bem vindo ou porque não quis voltar a sentir a dificuldade da operação de vestir o impermeável em corrida!

Com todos aqueles serpenteados por entre os participantes, principalmente depois do retorno, formou-se, entre nós, uma espécie de pequena fila: o Pedro seguia na frente, a Anita logo atrás e, depois dela, a Sílvia. Assim fomos todos correndo, alegremente, com mais ou menos dificuldade, como foi na pequena subida para passar ao lado do farol para a recta na frente da Petrogal. A distância entre os elementos da nossa pequena fila aumentou um pouco com o passar dos km, mas estava sempre tudo controlado: o Pedro ia marcando o ritmo, a Anita perseguia-o e, assim, forçava-se a não abrandar, pois o trabalho e os jogos têm sido muito intensos e o cansaço começa a fazer-se sentir, e a Sílvia, por fim, que tem estado um pouco afastada da corrida e daquilo que era já o seu ritual quase diário, obrigava-se a fazer um esforço extra para não se deixar ficar para trás. Era esta a nossa forma, que não tinha sido planeada e foi uma mera imposição das circunstâncias, de nos irmos todos incentivando.

 
Quando pensávamos que o segundo retorno seria junto ao restaurante Rochedo (não sabemos porque tínhamos esta ideia, pois não a lemos em lado nenhum nem ninguém nos disse nada sobre isso), quando lá chegámos verificámos que afinal não, ainda teríamos de ir mais à frente, junto ao Kartódromo, para podermos fazer a viragem que nos levaria na direcção da meta.

Foi ali, naquele último retorno, que verificámos que o plano não discutido que estava em prática afinal não era bem assim. O Pedro fez a volta na frente, mas deu logo conta que a Anita não vinha aquele metro ou dois imediatamente atrás dele. Um pouco preocupado, começou a perscrutar o pelotão que vinha em sentido contrário na esperança de a encontrar, enquanto pensava: “Será que parou? Será que me chamou e eu não ouvi? Onde está?”. A preocupação dissipou-se quando a viu, alegremente, a acenar e rir, tendo ambos pendido para o eixo da via, que separava um sentido e outro, por forma a trocarem um vigoroso e incentivante high-five. Outra constatação deste momento: a Sílvia também não vinha logo atrás da Anita. Conclusão óbvia: todo o grupo (todo, como se fosse um grupo enorme, quando eram apenas 3; mas três de grande qualidade, claro! Ainda que não na corrida, na vida com certeza! Eheheh) estava partido, separado, o que acontecia pela primeira vez desde o início da nossa participação em eventos organizados. Bem, agora não havia nada a fazer. Apenas continuar, um pé à frente do outro, agora contra o vento, em direcção ao final, onde nos reuniríamos novamente.

Assim foi, cada um mantendo o seu ritmo, sempre passando outros participantes – desta vez partimos mesmo do final, para termos passado assim tantas pessoas ao longo do percurso e mesmo assim continuar tanta gente na nossa frente – até cortarmos a meta, não comprometendo o nosso timing de ficar abaixo da hora, receber as medalhas de finisher, fazer os alongamentos finais e, obviamente, tirar a foto da praxe!


De seguida, apenas faltava, como não podia deixar de ser, trocar de roupa e voltar para a confeitaria para uns retemperadores docinhos e refrigerantes (chá, no caso da Sílvia, a fraquinha!).

Percebemos quando regressávamos a casa e no resto do domingo que já tínhamos saudades de participar numa corrida de estrada! Tantas que logo nessa noite começámos a actualizar o nosso ficheiro de eventos para podermos ir decidindo equilibradamente aqueles em que iremos participar ao longo do resto do ano!

Para já, no próximo domingo há trail em Lagares, Penafiel!