Depois
de uma manhã relaxada e de um almoço descontraído, preparámos as coisas e
saímos de casa pelas 16h, rumo a Santarém, palco da 1ª Scalabis Night Race.
Como
o dia estava bonito, com um sol brilhante e quente, fomos em ritmo de passeio,
de janela aberta, aproveitando não para apreciar a paisagem (pois decidimos ir
pela auto estrada) mas sim a companhia um do outro.
A
chegada a Santarém foi pelas 17h e, ajudados pelo mapa incluído no excelente
guia informativo fornecido pela organização, decidimos estacionar num parque
que ficava a meio caminho, em linha recta, entre o local de partida/chegada e
os balneários. Em cinco minutos tínhamos o carro estacionado e já nos
dirigíamos para o local de levantamento do kit do participante (dorsal,
t-shirt, chip, brindes).
Após
cumprirmos esta tarefa, o plano era voltar ao carro para guardar tudo e
passearmos um pouco pela cidade. Era o plano, pois, mas não foi o que
aconteceu. Quando saíamos do secretariado, estavam a dar início à kids race,
começando pelos mais pequeninos de todos. Não resistimos e ficámos a ver,
tirando algumas fotografias e divertindo-nos, mas sobretudo ficando espantados,
com a garra e vontade de correr de alguns dos participantes jovens. Neste
aspecto temos de referir o papel da organização, a dois níveis: um, garantindo
a segurança das crianças na corrida; outro, apoiando e incentivando aqueles que
ficavam para trás, não os deixando desistir, em alguns casos acompanhando-os
até à meta, demonstrando assim um enorme espírito desportivo a ajudando as
crianças a perceber que participar e superar obstáculos é mais importante do
que vencer.
Aproximava-se
a hora de termos de “jantar” por forma a haver tempo de digerir antes da hora
marcada para a prova. Assim, dirigimo-nos ao carro para guardar o material e
fomos ao centro comercial localizado numa das pontas do Jardim da Liberdade.
Como eram 18h, não tivemos problemas em arranjar lugar para tomar a refeição
ligeira, constituída por uma salada e sumo natural, podendo aproveitar mais
este tempo para relaxar e conversar.
Depois
da comida, descemos as escada e, já que estávamos num shopping, não seríamos
nós mesmos se não entrássemos na respectiva loja de desporto para dar uma
volta, verificar novidades e/ou promoções. Desta vez, no entanto, não adquirimos
nada. À saída da loja, ainda encontrámos umas pessoas conhecidas, com quem
estivemos uns minutos à conversa.
Saídos
do centro comercial voltámos ao jardim para dar mais um volta e ver as
actividades que então se realizavam e entretanto decidimos que estava na hora
de irmos trocar de roupa para a corrida. Ainda tínhamos tempo mas, se tínhamos
feito tudo neste dia com a maior calma, não haveria necessidade de o tempo
imediatamente antes da hora da partida ser diferente. E lá fomos em direcção ao
carro.
Puro
engano! A caminho do carro, e do nada, uma ideia assalta-me o pensamento: “as
joelheiras!”. Dois segundos depois verbalizo-o: “não trouxe as joelheiras!”.
Claro que a resposta (óbvia) da Anita foi: “pára lá de gozar!”. Um minuto
depois consegui convencê-la que estava a falar verdade: como não estavam junto
do equipamento que tínhamos escolhido levar para correr este evento, ficaram
esquecidas em casa.
Quem
já nos conhece ou já leu relatos anteriores, em especial este, começa aqui a notar um padrão. Mas desta vez não havia nada a
fazer. Faltavam cerca de 90 minutos para a hora de partida, estávamos a 50
minutos de casa (ida e volta 100, claro) e as ruas mais centrais de Santarém já
estavam cortadas. Conclusão: desta vez não havia nada a fazer: “corro sem joelheiras,
tem de ser. Se me começar a doer, páro, desisto. Não é vergonha nenhuma.” Mas a
Anita tinha outros planos: “compramos umas!”. Depois de uma pequena discussão
saudável sobre se valeria a pena o investimento ou não (visto eu ter 3 pares,
sim três – e esqueço-me), acabou por vencer a ideia dela (e não é sempre
assim?) e, depois de já devidamente equipados, voltámos ao centro comercial
onde antes tínhamos estado e fomos comprar mais um par de joelheiras.
Com
isto tudo, quando chegámos ao local da partida faltava cerca de meia hora para
a saída, o que ainda deu tempo para uma ida ao wc, uma pequena corrida para
aquecimento e uns alongamentos, estes já dentro do recinto da meta.
À
hora marcada deu-se a partida. Como sempre nestas situações, começa-se a caminhar,
depois já é possível correr lentamente e, já saídos do “túnel da meta” podemos
começar a correr mais livremente.
Que
dizer do percurso escolhido pela organização para esta corrida? Numa palavra:
excelente! Conseguiram desenhar um percurso que, nunca se afastando em demasia
do jardim central de todo o evento, perfaz os 10 km´s, passando por zonas
habitacionais, comercias, de lazer (portas do sol) e inclusivamente históricas
(tinha uma passagem pelo interior da escola prática de cavalaria, local de onde
saiu Salgueiro Maia no 25 de Abril de 74).
Além
de um excelente percurso, este evento também se destacou pela inventividade.
Desde as placas por toda a cidade com frases infohumorísticas (se alguém quiser
registar este neologismo não se esqueça de nos dar os respectivos créditos) até
ao surpreendente abastecimento, perto do km 3, com meio copo de vinho tinto,
passando pelos fardos de palha com as placas indicativas dos km´s e campinos a
cavalo, houve de tudo um pouco.
Em
todos os locais de cruzamento, mudanças de caminho, e em muito outros pontos,
imensos voluntários ligados à organização ajudavam na orientação mas também
gritavam incentivos a quem passava, principalmente se reparavam em alguém que
fosse em maiores dificuldades. Tudo muito bom!
Já
perto do final, ao avistarmos a placa que dizia “bifanas a 1 km” e já sentindo
o cheiro das respectivas, tivemos de fazer um esforço extra para dar a última
volta à rotunda antes de entrar na recta da meta.
Cruzar
mais uma vez a meta de mãos dadas e braços levantados, por mais um objectivo
cumprido, com um tempo de 57m58s, depois de uma corrida numa noite super
agradável, quente, com um ambiente fantástico por toda a cidade, faz bem ao
espírito e mantém-nos com a crença que estamos no caminho correcto para uma
vida melhor!
Depois
dos banhos, altura de voltar ao Jardim da Liberdade para aproveitar as bifanas,
bebida e pampilho ofertas da organização, ver a entrega de prémios e assistir
ao concerto, antes de fazer a viagem de regresso a casa, felizes, para o merecido
descanso!
Excelente descrição. Parabéns aos organizadores e fantásticos participantes!
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