O
trail é uma modalidade que tem crescido bastante nos últimos tempos, não só
pelo nº de adeptos que tem cada vez mais captado, mas também pelo aumento da
sua divulgação e cada vez maior nº de eventos organizados.
Apesar
de alguns amigos, desde há algum tempo, nos tentarem convencer a experimentar o
trail, sempre fomos (especialmente eu), algo reticentes a fazê-lo. Pensava
sempre: para fazer trail é preciso treinar com frequência! Se não tenho grande
tempo de correr durante a semana e as corridas de estrada já não são simples,
principalmente as que têm percursos mais agressivos com frequentes subidas e
descidas, correr no monte está fora de questão! Até porque, nesses percursos
mais inconstantes, os joelhos também se começam a ressentir e, claro está, o
que menos queremos é ter lesões! Não, trail, não é para mim, pensava e dizia
eu! Contudo, para além de os amigos continuarem a insistir connosco, as
mensagens que nos passam, como “correr no meio da natureza, ao contrário do que
se pensa, é mais fácil, para além da envolvente que é muito mais agradável, o
espírito de grupo é de uma grande entreajuda e maior convívio, etc”, o Pedro
estava cada vez mais com vontade em participar neste tipo de provas. Eu, ao
longo do tempo, comecei a colocar a hipótese de experimentar. No entanto, para
começar, não poderia ser um percurso demasiado longo – no trail, os percursos
ditos curtos, para mim, são demasiado longos… (+/-21Km)
Tendo
conhecimento do treino de 9 km que iria haver em Perosinho, como preparação
para o Xmas Trail 2013 que iria decorrer em Dezembro, nem hesitamos em nos
inscrever. Apesar da dificuldade acrescida, pois este tipo de percurso obriga a
trabalhar os músculos de forma diferente à corrida de estrada, gostámos, divertimo-nos
e pensamos logo em repetir. O próximo passo seria então inscrevermo-nos na
prova que iria decorrer no dia 22 de Dezembro, a qual teria, acima de tudo, um
cariz social, a mães desfavorecidas do Centro Hospitalar Gaia Espinho.
Eis
que chegou o grande dia! Entretanto acabou por não ser a 1ª prova do Pedro,
dado que teve a oportunidade de participar no fim de semana anterior no Cantanhede
Xmas trail race (além do trail do grupo desportivo dos quatro caminhos, em
Junho). Mas foi a minha 1ª prova oficial e a dos 2 juntos.
fotografia de momentos do trail |
Às
8h40 saímos de casa. E pelas 9h00 já estávamos no local da prova. Ainda deu
tempo para ir ao café e voltar ao carro para os últimos preparativos para a
corrida. Dirigimo-nos de seguida, e com algum frio, para o interior do pavilhão
gimnodesportivo, onde se estavam a concentrar todos os atletas. A animação era
grande e ajudava a aquecer o ambiente. Durante este tempo, iam aparecendo
amigos e conhecidos a quem íamos acenando ou trocando umas palavras, enquanto
tirávamos umas fotos, como habitual. A determinada altura fomos encaminhados
para o relvado do campo de futebol, onde iria ser dada a partida. Durante
algumas indicações que o speaker dava, ainda houve tempo para uns exercícios de
aquecimento, também para “espantar” o frio que se fazia sentir. Pouco depois,
ouve-se o sinal de partida.
O
1º km foi ainda pelas redondezas, em asfalto, e apenas depois entramos no
monte. Os dois primeiros Km’s passaram rapidamente. Nessa altura tivemos também
de travar o ritmo, pois o local afunilava e praticamente se passava em fila
indiana. O que até foi bom, deu para repor a respiração e as forças. E não foi
só nesta parte do percurso, aconteceu algumas vezes, principalmente em subidas
ingremes ou acidentadas. E muitas pessoas baixavam o ritmo, tal como nós. Isso
permite não criar uma certa frustração por não conseguirmos fazer o percurso
todo a correr. O trail é mesmo assim, dizíamos nós (ainda para mais, sabendo
que estamos a dar os primeiros passos na modalidade).
fotografia de Carlos Coutinho Alves |
Genericamente,
o percurso pareceu-nos estar bem marcado, apesar de ter havido pessoas que se
enganaram… Nas encruzilhadas havia ainda elementos do staff a indicar a direção
a seguir. A contagem de Km’s também estava bem sinalizada. A determinada
altura, comecei a fazer a contagem decrescente para o 1º abastecimento que
seria ao km 8. Estava previsto haver aletria e bebidas. Quando vejo a placa a
informar que faltam 200m, comento com o Pedro: “só faltam 200m para a aletria!”.
No entanto, quando lá chegamos, qual não foi o nosso espanto, quando nos
deparamos apenas com copos vazios. Nem água havia já. A justificação dada mais
tarde foi de que a caminhada passou por aquele abastecimento, quando tal não
estava previsto, e levou a essa rutura antecipada. Bem, ao menos, valeu-nos a
mochila com água que, apesar da incerteza inicial, acabamos por levar às costas.
Lá
seguimos então para a 2ª parte deste desafio: chegar ao 2º abastecimento ao km 13.
Passada a 1ª parte do percurso em carrossel, a partir de agora, haveria a
oportunidade de a corrida fluir mais, dentro do limite de cada um, claro. E,
realmente, estes 5 Km’s fizeram-se com relativa facilidade e maior rapidez,
apesar de continuar a haver perdas de ritmo em algumas subidas, que fizemos a
passo rápido. Chegamos assim ao abastecimento, onde, desta vez, nada faltava:
fruta, rabanadas e líquidos. E que bem que soube a laranjinha doce e suculenta
nesta altura… Não perdendo muito tempo, pusemo-nos novamente a caminho da reta
final. Faltavam apenas 2 Km’s que num instante se fizeram.
fotografia de Carlos Coutinho Alves |
A
meta seria dentro do pavilhão gimnodesportivo, onde estavam os computadores que
cronometravam a chegada. Imediatamente antes, estava o speaker, já conhecido de
outras corridas, a felicitar os finalistas. Também ele nos reconheceu de outras
andanças, tendo até comentado: “estava a ver que não chegavam!”, dando a cada
um de nós um caloroso Hi5. Sinceramente ainda não tinha percebido que estava na
meta e, como tal, não tive a reação de fazer a habitual chegada de mão dada com
o Pedro. Logo ali, havia o último abastecimento, com mais fruta, bolo-rei e
líquidos.
Dirigimo-nos
para dentro do campo do pavilhão para uns obrigatórios alongamentos.
Simultaneamente, fomos falando com alguns amigos que por ali passavam também, a
trocar opiniões sobre a prova. Neste dia, fica-nos um dos comentários na
memória: “depois de fazer um trail, correr na estrada é para meninos!”. Foi sem
dúvida um comentário inesperado e que nos fez realmente rir. Percebemos
perfeitamente o intuito desta mensagem e sentíamo-la no corpo, principalmente
nas pernas.
já a chegar à meta, apenas faltava entrar no pavilhão |
Apesar
de termos a possibilidade de usar os balneários do recinto para o ansiado
banho, preferimos dirigirmo-nos ao carro para troca de roupa e rumarmos a casa,
onde seria mais confortável tomar banho e com menos correntes de ar que se
faziam sentir no pavilhão.
Gostamos
e queremos repetir! Apesar de percebermos o que os nossos amigos nos diziam
sobre as vantagens de fazermos o trail, pela nossa experiência em btt, sentimos
exatamente a mítica que está por trás desta modalidade. Não havendo dores nos
joelhos ou outro tipo de lesões, é objetivo para 2014 aumentar a nossa
participação neste tipo de eventos.
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