Um dos motivos que nos leva a
participar em eventos é termos uma desculpa para visitar locais onde se calhar
não iríamos, pelo menos tão cedo. Outro dos motivos, igualmente válido, é poder
ter a possibilidade de correr (ou andar de bicicleta) em sítios onde de outra
forma não seria possível. A localização desta corrida é um desses casos.
Se é possível a qualquer pessoa correr
no parque da cidade, no parque das nações, nas zonas ribeirinhas, na marginal,
sempre que lhe apeteça, já não acontece o mesmo com zonas privadas ou
habitualmente destinadas a outros fins. Por isso, quando vimos o anúncio que a
corrida jumbo do Estoril seria no autódromo, não hesitámos e tratámos logo de
validar as nossas inscrições.
Numa manhã muito agradável, daquelas
em que não custa nada sair da cama, por muito cedo que seja (nem que fosse para
ir trabalhar), depois de passear os cães e deixar tudo tratado em casa, lá
tomámos o IC19 em direcção a Sintra, sempre com larga antecedência para
podermos ir sem pressas e ter alguma margem caso surja algum imprevisto.
Chegámos fácil e rapidamente ao
autódromo (uma dica: as placas indicadoras de direcção apontam para um caminho
que, sendo efectivamente rápido e fácil, implica o pagamento de taxa portagem;
se forem para o autódromo em dia ou hora em que não haja muita confusão de
trânsito, o melhor é seguir o caminho antigo, pela nacional 9, e evitar esse
custo adicional), mas verificámos que já estava muita gente no recinto, pois o
parque de estacionamento já estava praticamente completo e havia já quem
deixasse a viatura na rua paralela. Não se pense que houve mais gente que o
normal a querer chegar mais cedo ao local; o que se passou foi que antes da
corrida dos 10 km havia uma série de outros eventos para a família, incluindo
corridas para os mais pequenos.
Mesmo assim, conseguimos encontrar um
lugar para aparcar o nosso carro no parque e mesmo junto de uma das entradas.
Sorte de ser um sítio um pouco escondido e estarmos com um carro pequeno. De
qualquer forma, estava tudo muito bem organizado e sinalizado.
Como o sol começava a ficar alto e as
previsões para esse dia eram de muito calor, não facilitámos e a nossa
preparação passou por abusar do protector solar, bem como por não esquecer dos
chapéus e óculos, além do cinto de hidratação com água fresca. Estes são dois
pontos onde muita gente facilita: não colocar o protector solar e confiar
apenas nos abastecimentos que as organizações disponibilizam. Neste caso não
faltou água para todas as pessoas, quer para ingerir quer com mangueiras que molhavam
os participantes, mas a verdade é que não custa nada ter líquidos extra, que
podemos consumir fora dos pontos de abastecimento. E relativamente ao protector
solar, a nossa saúde não tem preço!
Muita animação junto ao paddock, com
música, actividades para as crianças, espaços comerciais, enfim, um sem número
de ofertas para preencher tempo até à hora do evento principal. Aproveitámos
este tempo para estar na sombra, enquanto fazíamos um pequeno aquecimento e,
como não podia deixar de ser, tirávamos as primeiras fotografias do dia.
Já no local de início da corrida, a
grelha de partida da pista, como seria de esperar, mais umas fotos e a procura
por caras conhecidas. Desta vez não encontrámos nenhum amigo mas vimos várias
pessoas que já conhecemos destas andanças. E simultaneamente sentimos um
pequeno nervoso miudinho que nos dizia “vais correr no asfalto do autódromo”!
Alertamos desde já todos os que pensam
que uma pista de automóveis é plana: isso é mentira! E nós percebemos isso
ainda no primeiro km quando, depois de percorrer toda a recta da meta, fazemos
a primeira curva à direita e começamos uma descida. Eh, lá! Se isto desce
também há-de ter de subir. E, logo depois, mais uma curva à direita e uma longa
subida para a recta interior. Bonito, ainda nem 2 km se tinha feito e aquelas
subidas aliadas ao calor já estavam a fazer estragos.
Depois seguiu-se uma parte do percurso
efectivamente plana, seguida de descidas, para depois, no S em subida muito inclinada,
passar por mais umas dificuldades. Mas íamos motivados e enfrentámos todas elas
com alegria, ainda com tempo para ir comentando a paisagem.
Começava a dúvida sobre se fazer a
segunda volta, para poder completar os 10 km, não se tornaria monótono. Ainda
para mais porque agora que sabíamos como era o desenho do percurso, podíamos
adivinhar onde surgiria a dificuldade seguinte. Mas eis que então surge a
surpresa: ao entrar na recta da meta virámos à direita, para descer uma pequena
rampa que nos levaria, depois de voltarmos à esquerda, por um pequeno caminho
paralelo à recta interior onde tínhamos passado antes, para logo a seguir fazer
mais uma descida em curva à esquerda, onde era feito o controle dos 5 km.
Estávamos a meio da corrida e, neste preciso momento, fora da pista.
Depois do controle, subida para o
paddock, que atravessámos, para depois correr pela recta de acesso às boxes,
antes de reentrar no asfalto da pista, mas para agora a percorrermos em sentido
contrário. Assim se evita a monotonia de correr em circuito e ter de dar duas
voltas exactamente iguais. A boa notícia era que as subidas da primeira volta
iam ser descidas. O oposto era a má notícia. Sobretudo porque concluímos
imediatamente que surgiria uma subida mesmo antes da meta. Mas quando lá
chegássemos resolveríamos.
Sem pensar nisto, apenas continuamos a
correr e a desfrutar das paisagens, do percurso e já com o que faríamos depois
em mente. Sim, porque tínhamos planos para a tarde, e isso era uma forte
motivação!
Depois de cortar a meta e recebermos
as nossas medalhas de finisher, bem como mais água e um saco com fruta. Foi então
tempo de aproveitar a festa preparada pela organização. A área comercial lá
continuava, onde pudemos, entre outras coisas, beber um café, havia uma banda a
tocar ao vivo, muito animada e com músicas conhecidas, mesmo a puxar pelo
público e a incentivar o divertimento. Ainda foi possível travar conhecimento
com um casal do Brasil, com quem trocámos umas impressões sobre a prova, sobre
a festa e sobre o nosso país, e que fizeram questão de tirar uma foto com o
Pedro – o “Antunes”, como eles diziam - nome de um colega do grupo de corridas
que eles tinham lá no Brasil e que, tal como neste dia, o Antunes consegue
ficar sempre à frente deles. Infelizmente não ficamos com
esse registo…..
A festa estava a terminar, e chegava
também a hora de irmos embora. E o nosso destino foi nada mais nada menos que
Cascais, onde planeámos uma tarde de praia. E que sucesso de plano! Lá
chegados, um sol esplendoroso, um calor bom, vento zero, e uma praia linda e
limpa, com bom ambiente, águas calmas e de temperatura amena, onde pudemos
abrir a época de banhos com os primeiros mergulhos de mar do ano.
Mais tarde, o regresso a casa depois
de um dia excelentemente bem passado, com passeio, desporto, desafio,
superação, praia e relaxe…. A vida assim vale a pena!
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