O
primeiro contacto com os trilhos de Cantanhede foi em Dezembro de 2013, no CxTR.
Já na altura ficou a boa impressão dos locais e a vontade de lá voltar. E a
oportunidade para tal surgiu bem rápido, apenas 6 meses depois, com a
realização da meia maratona trail Trilhos do Sarilho. Decisão tomada,
inscrições feitas e, finalmente, lá chegava o dia.
Depois
de uns dias de chuva, o sábado apresentava-se com bastante sol. Chegámos cedo,
e ainda bem, pois ou nós não tínhamos percebido bem o local do secretariado ou
este tinha sido alterado (e pensamos que foi isto que aconteceu, pois outras pessoas
estavam no mesmo local onde nos dirigimos inicialmente). Ao fim de algum tempo
sem encontrar onde estavam a entregar os dorsais, lá decidimos consultar o
email (maravilha das tecnologias, os smartphones e a internet móvel) e, depois
de verificar os contactos da organização, fizemos o telefonema que rapidamente
esclareceu tudo. Afinal o secretariado era noutro lugar, curiosamente o mesmo
onde tinha sido o do CxTR, e por isso já conhecido, e onde também seriam os
banhos, com um excelente parque de estacionamento.
Depois
de tudo tratado, onde além de recebermos os nossos sacos com as ofertas,
entregámos também um saco com t-shirts e outro material desportivo para servir
de oferta a instituições, pois este evento tinha também um cariz solidário, foi
tempo de relaxar e fazermos todos os preparativos de equipamento, seguido de um
pequeno aquecimento e o controle zero antes da partida do evento, no parque
muito bonito, localizado entre o pavilhão e as piscinas e a estrada nacional
que atravessa Cantanhede.
Depois
da partida, uma volta completa ao parque, saindo de seguida em direcção à zona
residencial para, apenas ao fim de pouco mais de 1 km, entrarmos em piso de terra
e verdadeiramente nos trilhos. O sol continuava alto e a ausência de vento contribuía
para que se fizesse sentir grande calor, que representou uma dificuldade
acrescida logo desde o início.
Nesta
altura ainda praticamente toda a gente corria junta, excepção feita a uns
quantos mais rápidos que tinham tomado a dianteira ainda dentro do perímetro do
parque. Nós seguíamos perto da cauda do pelotão, fruto do nosso hábito de
partir sempre do final do grupo bem como do ritmo que levávamos, que queríamos
controlar desde cedo, pois esta era uma aventura de 21 km.
Apesar
de as marcações nos levarem por muitos dos locais por onde o percurso de
Dezembro tinha passado, ainda que desta vez o sentido fosse inverso, era como
se esta fosse a primeira vez que por lá se passava. É completamente diferente
fazer esta corrida durante o dia, com sol, e totalmente de noite, como tinha
acontecido antes, no CxTR.
Lá
fomos calcorreando km, ultrapassando dificuldades e passando por locais de
extrema beleza natural, bem como por outros onde se notava claramente mão
humana, nem sempre no bom sentido. O cansaço ia-se fazendo notar, mas as
pequenas paragens para fotografias e, sobretudo, nos abastecimentos, bem
localizados e com boa e variada oferta, permitiam que fossemos descansando e
recarregássemos energias para prosseguir.
Desenganem-se
aqueles que pensam que aquela zona, predominantemente plana, não tem subidas e
descidas. Elas existem, são duras, difíceis mesmo, e a organização não se
coibiu de as colocar no nosso caminho. Elas apareciam e lá tínhamos que as
enfrentar e ultrapassar, para depois ter cuidados redobrados nas descidas, o
que tornava o nosso ritmo mais lento do que poderíamos ter previsto. Como sabe
quem nos conhece ou segue, nunca nos preocupamos com tempos e/ou ritmos. Apenas
queremos completar os desafios, sem nos magoarmos, sem desistir e, preferencialmente,
divertindo-nos. Apesar disto, sempre que vamos a um evento, falamos sobre qual
o tempo que, em princípio, poderemos demorar a completá-lo. Para este, tínhamos
pensado nas 2h30. Mas ao fim dos primeiros 10 km vimos que ia ser mais. Mas não
nos preocupámos, seguimos ao nosso ritmo. Após as maiores subidas e uma parte
em que se passava por um conjunto de pedras, em plano inclinado, rodeados
(inclusivamente por cima) por vegetação e algumas silvas, e quando chegámos ao
abastecimento final, esta constatação tornou-se mais que evidente.
Provavelmente iriamos até ultrapassar as 3h de corrida. Mas sem stress.
Comemos, bebemos, vamos continuar.
Nos
últimos km antes de chegar a este abastecimento, e enquanto aqui estivemos,
sentimos um vento muito forte, de frente. Com todo o cansaço acumulado e com
esta dificuldade acrescida, iria ser mais complicado chegar ao fim. Tivemos de
ir buscar força extra para enfrentar o restante caminho, feito praticamente
sempre na sombra, o que nos fez sentir algum frio e desejar acabar rápido. Mas
não conseguíamos acelerar mais, estávamos efectivamente cansados.
De
repente, saímos de um trilho para entrar em asfalto, passar por baixo de uma
estrada e subir uma rua em direcção a umas casas. Espera, isto já conhecemos,
estamos perto. E, de facto, estávamos: após umas quantas curvas para outras
tantas ruas, chegámos à zona residencial, a mesma que tínhamos atravessado no
início, após a volta no parque. Voltámos a passar todas as casas e, logo na
reentrada no parque, virámos à direita em direcção ao pórtico, ao controlo
final, à tão desejada meta, ao fim de 3h a correr.
Depois
de umas fotos finais, fomos ao banho quente nos excelentes balneários do
pavilhão e, de seguida, fizemos uma pequena caminhada até ao salão dos
bombeiros, onde a organização disponibilizou o jantar aos participantes que
assim pretendessem.
Finalmente,
para acabar a noite, um pequeno passeio pelo centro da cidade e entrar num café
para um gelado, uma bebida e assistir ao restante da final da liga dos campeões
em futebol, antes de pegar no carro para o regresso a casa, para o merecido
descanso dos guerreiros.
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