Depois da excelente experiência que
vivemos no ano transacto quando participamos no evento Uma aventura em de S.
João de Ver, onde, apesar das dificuldades sentidas e do último lugar na
classificação, sentimos uma grande satisfação e alegria pelo tipo de evento que
era e decidimos participar em datas seguintes, a verdade é que, umas vezes por
trabalho, outras pela existência de compromissos prévios, não nos foi possível entrar
em mais nenhum dos eventos de 2013. Mantivemo-nos, no entanto, sempre atentos
ao site respectivo e, assim que foi anunciada a primeira data de 2014,
decidimos fazer a nossa inscrição.
Como a orientação em btt obriga, mais
do que a alguma experiência na leitura de mapas, à utilização do material
adequado, nomeadamente o suporte de mapa para bicicleta, que nós não possuímos,
decidimos não participar no escalão aventura, que implica a realização de ambos
os percursos, btt e pedestre, e escolhemos participar apenas no escalão
promoção ori-pedestre, fazendo apenas, portanto, a parte do trail running de
orientação.
O dia estava quente e, após tratar da
parte burocrática, pagando e obtendo os cartões de marcação, aproveitando para
obter algumas informações sobre o terreno por forma a podermos escolher o
calçado mais adequado, voltamos ao carro para nos equiparmos e, sempre
importante, colocar protector solar factor 50 e garantir que não esquecíamos os
chapéus. Nunca se deve facilitar.
Voltando ao local de partida para o
breefing da organização, ouvimos todas as instruções atentamente e logo de
seguida procurámos uma sombra para assistir ao início da
prova do escalão aventura, enquanto aguardávamos pela hora da nossa própria
largada, feita em grupo, dirigindo-se cada equipa ao local onde estão colocados
os mapas, um por equipa, para que apenas aí tenham conhecimento do percurso e
possam decidir a estratégia para o realizar.
fotografia da organização |
Quando foi a nossa vez, pegamos num
mapa e, sem outro plano que não fosse tentar seguir uma lógica de continuação
de percurso, onde não fosse necessário andar muito para a frente e para trás,
tentando sempre seguir em circuito, decidimos ir em primeiro lugar ao check
point (CP) 1, daí seguindo para o CP 10 e, depois, fazendo todos até chegar ao
CP 2, já perto do CP final.
Assim foi e, logo ao fim de alguns minutos,
o CP 1 estava marcado nos cartões e seguíamos já para o CP 10 que, no meio de
um aglomerado de árvores no cimo de uma pequena colina, nos demorou um pouco
mais. Sempre seguindo e tentando gerir o 1,5 L de água que tínhamos na mochila
tendo em conta o calor que cada vez mais se fazia sentir, lá fomos lendo o mapa
e correndo ao nosso ritmo e chegando, mais ou menos fácil e rápido, aos CP a
que nos dirigíamos.
Até que era altura do CP 7, que valia
dois pontos, o que implicava que seria mais difícil de o encontrar. Nesta
altura, íamos perto de uma outra equipa que tínhamos encontrado junto ao CP 8 e
que, apesar de após esse ponto terem seguido um caminho diferente, a
determinada altura estávamos no mesmo trilho. Na busca por este difícil CP 7,
voltamos a separar-nos deles e até os deixámos de ver. Enquanto andávamos por
entre árvores, folhas secas e ramos cortados, sem trilho definido, certos que o
CP não estaria longe mas sem o avistarmos, voltamos a ver essa equipa já em
direcção a uma descida. Como não nos deram qualquer indicação (e nestas coisas
a entreajuda, independentemente da competição, é abundante), assumimos que não
o tinham encontrado e decidiram avançar (o que viemos a confirmar no final
quando nos questionaram se o tínhamos encontrado e onde estava). Nós não
desistimos e, uns minutos depois, lá o encontramos, escondido mas perto de um
trilho que estava do lado oposto, uns 30 m mais leste de onde andávamos.
Como perdemos algum tempo até fazer
esta marcação e ao ler o mapa verificamos que o trilho nos levaria para trás
relativamente ao ponto para o qual queríamos seguir, decidimos arriscar e fazer
uma diagonal para a nossa esquerda, em direcção a noroeste, descendo a colina
em direcção a uma linha de água indicada no mapa, que não víamos nem ouvíamos mas
que não seria longe. Esta opção revelou-se pouco acertada, pois andámos,
literalmente, no meio do mato. Não conseguimos fazer a descida pretendida de
forma seguida, tendo de ir ziguezagueando, ora descendo ora subindo um pouco
para poder passar, mas lá chegámos, com muitos arranhões nas pernas e braços, à
desejada linha de água. Mas o erro não terminava aqui, pois no local onde
atingimos o riacho não era possível atravessar. Apesar de o curso de água ser
estreito e pouco profundo, a margem do outro lado era demasiado ingreme para
subirmos.
Fomos então caminhando pela margem onde
estávamos até que esta também se tornou intransitável. À pergunta “e agora?” a
reposta inevitável foi “vamos pela água”. E foi assim que caminhamos cerca de
50 m dentro de água, a maior parte do percurso com água um pouco acima dos
joelhos, mas em dois locais tendo mesmo de molhar a cintura. Até que, à nossa
direita, apareceu o local onde já dava para subir e, logo a 5 m, o trilho que
nos levaria para norte, local onde estaria o CP 6. Conclusão deste atalho: 1 km
em cerca de 32 minutos! Realmente, “quem se mete por atalhos mete-se em
trabalhos”.
Este tempo perdido, e a dificuldade do
terreno, desmoralizaram um pouco, mas como não vamos para competir, a não ser
com os nossos próprios limites e dificuldades, lá arranjamos uma nova
motivação, até porque agora estávamos num trilho bom para correr e tínhamos uma
grande recta, ainda que com algumas subidas e descidas para fazer.
Fomos sempre seguindo a ordem
descendente dos CP, passando por locais fantásticos, tão perto da civilização,
nomeadamente duas auto estradas, e no entanto tão selvagem como no início dos
tempos. Avistamos participantes do btt e até um grupo de motociclistas a fazer
também os seus trilhos de domingo, passámos por subidas ingremes, descidas
técnicas de pedra, riachos e até um pequeno lago, para não falar de densos
arvoredos e até uma fonte de água abundante, onde nos refrescámos mas não
enchemos o nosso reservatório pois não sabíamos da qualidade da mesma, apesar
de desconfiarmos que deveria ser boa, assim ali tão fresca e limpa – no final,
segundo palavras de um elemento da organização soubemos ser “da melhor água da
região”. Para a próxima já sabemos.
Após marcarmos o CP 3, quando já só
faltava o 2 e o final, surge uma dificuldade extra: teríamos de correr uns 2 km
sem qualquer tipo de sombra, sob o sol intenso e abrasador das 12h30 e já sem
água nenhuma.
Logicamente, abrandámos, ainda mais, o
ritmo, para poder poupar energias, pois estávamos tão perto do final e de
cumprir todos os CP que não queríamos deixar que nada estragasse a
possibilidade de podermos terminar esta nossa segunda participação nos eventos
Uma aventura em com a sensação de dever cumprido.
Assim, após uma subida difícil em
empedrado, virámos a direita como nos indicava a leitura do mapa e eis que
vemos uma pequena descida para o campo de jogos onde estava a meta e o desejado
CP final.
fotografia da organização |
Com a motivação extra de quem está a
terminar e superar mais um desafio, sorrisos nas caras, apressámos o passo para
a marcação que faltava e entregarmos os cartões ao elemento da organização
responsável pelo registo de tempos e CP´s marcados. Enquanto repunhamos os
níveis de hidratação e respondíamos as perguntas sobre se tínhamos gostado e
que dificuldades tínhamos sentido, fazemos nós a pergunta “e já chegou toda a
gente?”. E aqui, uma surpresa: “não, vocês são a terceira equipa!”. A sério?
Seria possível que, com a nossa habitual abordagem de fazermos o percurso ao
nosso ritmo, sem preocupações competitivas, iriamos fazer o nosso primeiro
pódio? Com esta ideia, fomos ao carro buscar as coisas para usufruir dos banhos
quentes disponibilizados pela organização e, após estes, comermos uma fruta e
assistir à chegada dos restantes participantes quer da ori pedestre, quer do
ori btt, além, é claro, do escalão aventura.
Depois de todos chegarem e de ser dado
tempo para quem quisesse tomar banho, aguardava-se a saída das classificações
finais e respectivas entregas de prémios. E é aqui que surge a grande surpresa,
não apenas do dia mas de sempre, desde que começámos a participar em eventos
organizados: no escalão de promoção ori pedestre a lista de classificação
apresentava em primeiro lugar a…. P&A Team! Olhámos um para o outro incrédulos.
“Não pode ser!” foi, efectivamente, a primeira reacção. Tivemos de ir rever a
folha afixada para confirmar. E lá estava: apesar de haver duas equipas mas
rápidas, nós tínhamos mais pontos, fruto de termos marcado todos os CP´s, o que
não aconteceu com os restantes. E como a classificação é dada pelos pontos, e
apenas em caso de empate a decisão é feita pelo tempo, estava explicado o nosso
primeiro lugar.
Tivemos direito a ida ao pódio, prémio
e fotografia! Não entramos nos eventos para isto, mas é verdade que sentimos
uma alegria diferente, sobretudo pela surpresa que foi. No final, nos sorteios
realizados, ainda tivemos mais uma felicidade: recebemos uma mochila de
hidratação, oferta das lojas Santigo Bikes.
O próximo evento Uma aventura em será
em Oliveira de Azeméis, em Julho. Nós prevemos lá estar. E quem gostar de btt
ou de trail e de orientação deverá estar também! Até porque, além do desafio,
as organizações são boas, o ambiente fantástico e os trilhos lindos!
fotografia da organização |
Sem comentários:
Enviar um comentário