Depois de uma prova de estrada, de
onde estávamos ausentes há algum tempo, era novamente tempo de participar num
trail. Infelizmente, por motivos profissionais, a Anita teria de ficar em
Lisboa durante o fim de semana e, por isso, não me poderia acompanhar a
Lagares, Penafiel, para o 2º Grande Trail.
As distâncias propostas pela
organização eram 35, 21, 14 e uma caminhada de 5 km. A opção desta vez recaiu
sobre a distância mais curta para a corrida.
Como sempre, a manhã começou bem cedo
para ter tudo tratado antes de iniciar a viagem que demoraria, segundo o gps,
cerca de 45 minutos. Assim, pelas 8h15 estava já a dirigir-me ao secretariado
para fazer o pagamento (esta organização aceitou todas as inscrições online mas
o pagamento era apenas efectuado no próprio dia) e levantar o meu kit de
participante. Contrariamente ao que se poderia prever, esta operação não foi
demorada, graças à boa organização dos diferentes balcões e eficiência dos
elementos a trabalhar.
De volta ao carro, calmamente preparar
tudo e colocar o equipamento em falta para me dirigir ao controle zero e local
de partida, enquanto via chegar mais participantes, cumprimentava amigos e
conhecidos e ia tentando decidir sobre que roupa levar, tendo em conta alguma
indefinição do tempo, pois se era certo que não choveria e, naquele local onde
nos encontrávamos, estava um pouco de sol, permaneciam no céu umas quantas
nuvens e corria uma ligeira brisa, o que não permitia com rigor perceber se
bastava uma t-shirt ou se seria necessário também um corta vento. Acabei por
arriscar não levar o corta vento, o que se veio a revelar a opção acertada,
pois apenas numa pequena parte, mais densa de vegetação e num momento em que o
sol se escondeu por algum tempo, senti um pouco menos de calor (sim, porque não
posso dizer que cheguei a sentir frio).
A partida deu-se em simultâneo para
todos os percursos, o que a mim em particular não me fez confusão, até porque,
estando muita gente, não eramos em demasia, mas vi algumas pessoas a
queixarem-se disso no final. No entanto, acredito que aqueles que são
efectivamente rápidos e procuram tempos de prova baixos e/ou lugares para
prémios, também não são afectados por isso, pois partem sempre da frente e
passam nos primeiros estreitamentos antes do resto da «confusão».
Nem 500 metros após a partida
entrávamos logo no monte, de onde praticamente nunca se saía ao longo do
percurso. Foram realmente muito poucas as vezes que pisámos alcatrão e sempre
para atravessar estradas por forma a entrar em novos trilhos.
Com a entrada no monte começava também
o percurso ascendente, que se ia prolongar por alguns km. O desnível acumulado
para este percurso, não sendo demasiado, era na sua maioria efectuado antes do
meio da prova. E, mais tarde, um final bem difícil….
Quase sempre em trilhos estreitos, os single tracks, e com quase todo o grupo
ainda bastante junto, os primeiros km foram feitos praticamente sempre em fila,
apenas dando para passar concorrentes mais lentos (onde me incluo, claro, pois
houve quem fosse passando por mim, da mesma forma que eu fui passando por
outros) em alguns locais um pouco mais largos.
A beleza dos locais, as paisagens
algumas vezes inacreditáveis, o facto de ir sempre vendo pessoas e a música que
levava nos ouvidos faziam com que nem desse conta da passagem dos km. Apenas a
chegada ao abastecimento, animado e sobretudo bem recheado, me fez ter noção do
percurso já feito e ter aquela sensação de que a partir dali estaria já na
contagem decrescente.
Aqui fazia-se também a divisão de
percursos, pelo que a massa humana que fui encontrando foi cada vez menor,
facto para o qual também contribui, claro, o acumular de km. Os corredores eram
menos mas, em compensação, íamos cruzando com o percurso da caminhada, que tem
sempre pessoas bem dispostas e que vão dando uma palavra de incentivo.
Mais uns singles no meio de campos, mais
uns locais bonitos e mais umas dificuldades sempre ultrapassadas com o espirito
de quem se propõe a superar mais um desafio. A determinada altura, os percursos
voltavam a juntar-se, pois começaram a passar por mim alguns participantes mais
rápidos e com o dorsal da distância maior.
Nestas situações devem imperar as
regras da educação, do bom senso e da cortesia. Se vem atrás um corredor mais
rápido ou em competição, devemos dar-lhe a prioridade. Mas esse corredor também
deverá ter a responsabilidade de avisar, solicitar a passagem e agradecer. Há
um mínimo que se exige. E o limite que nunca deve ser ultrapassado é o de não
colocar ninguém em risco apenas porque se é mais rápido ou se quer ficar a frente
de alguém.
vista parcial da subida final (foto tirada de cima) |
Focalizo neste ponto porque desta vez,
infelizmente, fui alvo de um concorrente que não era suficientemente capaz para
ter este carácter e ser merecedor do respeito de todos. Numa escada estreita,
com uma altura de cerca de 1,5 m e sem qualquer protecção de um dos lados, sem nenhum
aviso agarra-me num braço para me afastar para a esquerda e passar por mim.
Assim mesmo, sem algum respeito ou cuidado comigo nem com aminha segurança.
Imediatamente tive uma reacção de soltar o meu braço (mesmo que me tivesse
alertado jamais me deveria agarrar) e consegui equilibrar-me, não caindo das
escadas. Já em cima, no single track que se seguia, encostei-me para o deixar
passar não sem antes lhe deixar o recado sobre a sua má actuação (e só apenas
neste momento disse um “desculpa”,). Lamento não ter visualizado o seu número
de dorsal, pois gostaria de o identificar para lhe fazer chegar esta e outras
mensagens e especialmente para poder ter um diálogo pedagógico com ele sobre
comportamento desportivo, além de poder ficar alerta para outros eventos.
Depois desta situação, continuei o meu
caminho em direcção ao final, passando por rochas, água e pequenos pedaços de
terra onde mal cabia o pé, avançando lentamente até avistar a ingreme e difícil
subida em terra solta e lama que levava à estrada que era necessário atravessar
para cortar a meta e terminar mais uma aventura de corrida off road, recebendo
um dos prémios de participação mais bonito que já tivemos oportunidade de
obter.
Com o sol quentinho a bater e a
retemperar forças, era altura de comer uma fruta e hidratar no bom
abastecimento final para depois me dirigir aos excelentes balneários para um
banho quente e vestir uma roupa seca para assistir à chegada dos amigos que
tinham participado na distância mais longa, antes de voltar a casa após mais
uma fantástica manhã de desporto e aventura, esta paixão saudável.
o bonito prémio de finisher |
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