Foi
com bastante antecedência que, desta vez, fomos nós os desafiados pelos amigos
Sílvia e Eurico para participar em mais um evento. Apesar dos 17 km, não foi
muito difícil convencerem-nos. Apenas teríamos que avaliar se o Pedro poderia
deslocar-se a Lisboa nesse fim de semana. De resto, à data, não havia mais
qualquer constrangimento.
Disponibilidades
confirmadas, ainda antes da Sílvia e do Eurico, formalizámos a nossa inscrição.
Como sempre, nem quis ver a altimetria do percurso. Falar em iniciar no centro
de Sintra e finalizar no Cabo da Roca, por si só, já daria para imaginar a
dificuldade da distância e que algumas partes do percurso não seriam fáceis.
Contudo, também daria para perceber que, se teríamos que subir, as descidas
também haveriam de ser generosas.
Não
obstante a antecedência com que nos inscrevemos, rapidamente chegou o dia da
corrida. A expectativa era grande, não só pelo percurso que decerto iria ser
fantástico, como pelo próprio conceito desta corrida: “Running to the Sunset”, Sintra
– Cabo da Roca.
O
dia foi relaxado, contudo, e como sempre, saímos cedo de casa. Pouco passava
das 15h00 e fizemo-nos à estrada. Após um pequeno desvio para ir buscar os
nossos amigos que já tinham chegado a Lisboa na noite anterior rumamos em direcção
a Sintra. Estacionámos o carro num parque perto do centro e deslocámo-nos até
uma esplanada para lanchar com a devida antecedência. Como ainda estávamos com
tempo, por ali ficámos a pôr a conversa em dia.
Faltando
menos de uma hora para a corrida, dirigimo-nos ao carro para nos equiparmos a
rigor e voltámos de seguida ao local da partida – na Volta do Duche, junto ao
Palácio da Vila - onde estava a decorrer um enérgico aquecimento, bem orientado
por um animado treinador. Juntámo-nos ao grupo até porque, contrariamente à
semana anterior, não estava tanto calor quanto o esperado, o que até iria
facilitar a nossa participação.
fotografia de Jesus Events |
Pelas
18h30, e sem atrasos, soou o sinal de partida. Partimos os 4 juntos, mas fruto
da forte e prolongada inclinação inicial cedo nos fomos afastando um pouco,
seguindo cada um ao seu ritmo. Os primeiros 5 km foram intensos e duros e,
sinceramente, já rogava pragas a tamanha subida interminável, pensando que uma
corrida de 17 km não poderia começar com uma subida de 5 e assim com tanto
declive… Devagar lá consegui atingir o cimo da montanha, onde nos esperava o 1º
abastecimento. Recuperadas as energias, nunca mais pensei nos 5 km que haviam
passado e só desfrutava do restante percurso plano ou a descer (ainda que após
o segundo abastecimento voltássemos a enfrentar uma subida difícil, ainda que
curta, com menos de 1 km), onde, em alguns km, bati mesmo o record de
velocidade sem me dar por isso. Principalmente nos km finais, tais eram as
descidas que as pernas e os pés já rolavam sozinhos. Simultaneamente desfrutava
e retinha na memória a beleza de todo o percurso que nos conduzia até ao Cabo
da Roca: Rampa da Pena, Zona Florestal da Peninha, Azóia.
fotografia de Jesus Events |
Passada
a área florestal, entramos em zonas residenciais, onde os habitantes saiam à
rua para nos acenar, dar força e incentivar. Até fotos nos tiravam. Isso motivava-nos
e ainda nos fazia correr com mais empenho: não podíamos defraudar todas aquelas
pessoas que estavam a despender de um pouco do seu tempo para nos apoiar. A
escassos km de terminar a prova, e depois do percurso que já ficava para trás,
este incentivo faz-nos recuperar toda a energia necessária para nos fazer
sentir como se estivéssemos, naquele momento, com a frescura e a leveza de quem
está ainda a iniciar a corrida. Depois, foi deixar-nos levar pela estrada, já a
visualizar o mar e mesmo prestes a terminar… Ao cortar a meta, a alegria de
mais uma prova superada e de mais uma experiência que só nos é possível quando
participamos em eventos organizados. Todos “comemoramos” o final do desafio
pelas conquistas pessoais que o cortar da meta traduziu para cada um.
fotografia de Jesus Events |
No
final, levantámos os sacos com as nossas roupas quentes e secas, que a
organização tinha tratado de transportar para o final, pusemo-nos confortáveis,
tirámos as habituais fotos no local de chegada e entrámos num dos autocarros
que nos esperava para nos conduzir de volta ao local de início.
Ao
chegar a Sintra, mais do que o cansaço, a fome apertava, pelo que decidimos
jantar mesmo por ali. E uma pizza, porque depois de todo aquele esforço, nós
merecíamos!
Não
poderíamos terminar o nosso testemunho sem deixar uma palavra de apreço à
organização, que não deixou que nada faltasse: boa animação inicial, percurso
bem sinalizado, polícia em todos os cruzamentos que contribuiu para a total
segurança de todos, abastecimentos qb, transporte de sacos pessoais dos
participantes e autocarros que nos levaram de volta ao centro de Sintra sem
qualquer percalço. Well done!
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