Desde o início de 2014 que ainda só
tínhamos participado numa corrida de estrada, a Corrida dos Reis, em Aveiro, e
mesmo nessa apenas o Pedro marcou presença. É verdade que neste ano temos
estado mais voltados para os eventos de trail, excepção feita à participação no
duatlo de Famalicão.
Mas desta vez havia um evento de
estrada, em que nunca tínhamos participado e que não coincidia com nenhum
trail. Juntando este facto ao desafio que a Sílvia nos fez para irmos fazer
esta corrida com ela e com o Eurico, estava então marcada a nossa presença na
Corrida do Mar, em Leça da Palmeira.
Como sempre, o dia começou bem cedo,
com frio e chuva, e pelas 9h00 já estava o carro estacionado e entrávamos no
café onde ficaríamos, quentinhos e confortáveis, até bem perto da hora de
início da prova, marcada para as 10h00. Durante este tempo de espera,
discutíamos, sobretudo quando a chuva aumentou de intensidade, se valeria a
pena efectivamente participarmos e fazermos os 10 km debaixo de chuva e vento
frio. A conclusão óbvia foi: “se fizemos o duatlo com as condições que estavam,
isto não é nada!”
Com a decisão final de não voltar as
costas à corrida, foi tomada também uma outra: iríamos ao carro para terminar a
preparação do equipamento e aí ficaríamos mesmo até uns minutos antes da
partida, indo depois a correr até lá. A Sílvia e o Eurico já estavam connosco
(apesar de ele, por lesão, estar impedido de correr, foi valente e levantou-se
cedo para nos acompanhar e incentivar a todos, especialmente à Sílvia, claro) e
concordaram com esta opção. O plano foi mantido, com uma pequena alteração: uns
amigos que iam participar na caminhada viram-nos no carro e foram lá ter
connosco e acabámos por ir todos juntos até ao ponto de início mas a caminhar,
não em corrida.
Por esta razão, mal entrámos na zona
vedada para esperar pelo tiro de partida, ouvimos o speaker oficial da Runporto anunciar: “Falta um minuto!”. Óptimo,
não estaríamos muito tempo ao frio antes de começar a realmente aquecer.
Felizmente, a chuva tinha parado momentaneamente. Apesar disso, mantivemos os
impermeáveis vestidos.
Começou a corrida e, por estarmos
mesmo, mesmo no final do pelotão, à frente do grupo da caminhada (apesar de,
mais uma vez, alguns desses participantes se terem infiltrado no grupo de
corredores o que, na nossa opinião, como já tivemos oportunidade de escrever,
constitui não apenas uma falta de respeito mas sobretudo um perigo), fomos logo
desde o início passando alguns participantes e não foi possível, por isso,
irmos todos lado a lado. Não que isso seja importante (é apenas algo que
gostamos de fazer e nos dá um gosto extra não apenas na corrida mas também na
participação em eventos), mas, neste caso, vem a ser influente no decorrer do
percurso.
Assim, lá íamos todos serpenteando por
entre os concorrentes mais lentos (não que sejamos um exemplo de velocidade,
eheheh), alternando quem dos três ia na frente, às vezes ficando um ou outro um
pouco mais para trás. Como era um grupo grande de participantes, este ritual
foi sendo mantido praticamente sempre até voltarmos a passar no farol, em
direcção ao cabo do mundo.
Entretanto, ainda na ida para a APDL,
quando chegávamos perto do McDonald´s, vinham já em sentido contrário os
primeiros concorrentes (e todos os restantes atrás deles, ainda que já com
alguma distância, pois a partir daí não deixámos mais, até final da prova, de
nos cruzar com pessoas). Incrível como ainda não tendo completado o 2º km, já
outros estava a entrar no 4º km. Enfim! A vantagem destes cruzamentos é podermos
ver quem participa, ir reconhecendo caras e cumprimentando amigos, sejam os de
longa data, sejam aqueles que conhecemos desde que nos iniciámos nestas
aventuras.
Após o primeiro retorno, quando se
tomava a direcção do cabo do mundo, o Pedro começou a “ferver” e foi obrigado a
despir o impermeável e a prendê-lo à volta da cintura. Esta operação, não sendo
complicada, e todos estarmos habituados desde pequenos a despir casacos, não é
fácil de fazer em corrida, principalmente tentando manter o ritmo, ainda que
este não seja muito elevado. Mas ele lá conseguiu. Até agora estamos para perceber
se não o voltou a vestir - não pela chuva, que esteve ausente até final do
percurso (pelo menos para nós, pois quando recomeçou a chover ainda algumas
pessoas corriam e outras caminhavam), mas pelo frio que se sentiu nos últimos 2
km - porque estava tão quente que o frio foi bem vindo ou
porque não quis voltar a sentir a dificuldade da operação de vestir o
impermeável em corrida!
Com todos aqueles serpenteados por
entre os participantes, principalmente depois do retorno, formou-se, entre nós,
uma espécie de pequena fila: o Pedro seguia na frente, a Anita logo atrás e,
depois dela, a Sílvia. Assim fomos todos correndo, alegremente, com mais ou
menos dificuldade, como foi na pequena subida para passar ao lado do farol para
a recta na frente da Petrogal. A distância entre os elementos da nossa pequena
fila aumentou um pouco com o passar dos km, mas estava sempre tudo controlado:
o Pedro ia marcando o ritmo, a Anita perseguia-o e, assim, forçava-se a não
abrandar, pois o trabalho e os jogos têm sido muito intensos e o cansaço começa
a fazer-se sentir, e a Sílvia, por fim, que tem estado um pouco afastada da
corrida e daquilo que era já o seu ritual quase diário, obrigava-se a fazer um
esforço extra para não se deixar ficar para trás. Era esta a nossa forma, que
não tinha sido planeada e foi uma mera imposição das circunstâncias, de nos
irmos todos incentivando.
Quando pensávamos que o segundo
retorno seria junto ao restaurante Rochedo (não sabemos porque tínhamos esta
ideia, pois não a lemos em lado nenhum nem ninguém nos disse nada sobre isso),
quando lá chegámos verificámos que afinal não, ainda teríamos de ir mais à
frente, junto ao Kartódromo, para podermos fazer a viragem que nos levaria na
direcção da meta.
Foi ali, naquele último retorno, que
verificámos que o plano não discutido que estava em prática afinal não era bem
assim. O Pedro fez a volta na frente, mas deu logo conta que a Anita não vinha
aquele metro ou dois imediatamente atrás dele. Um pouco preocupado, começou a
perscrutar o pelotão que vinha em sentido contrário na esperança de a encontrar,
enquanto pensava: “Será que parou? Será que me chamou e eu não ouvi? Onde
está?”. A preocupação dissipou-se quando a viu, alegremente, a acenar e rir,
tendo ambos pendido para o eixo da via, que separava um sentido e outro, por
forma a trocarem um vigoroso e incentivante high-five. Outra constatação deste momento: a
Sílvia também não vinha logo atrás da Anita. Conclusão óbvia: todo o grupo
(todo, como se fosse um grupo enorme, quando eram apenas 3; mas três de grande
qualidade, claro! Ainda que não na corrida, na vida com certeza! Eheheh) estava
partido, separado, o que acontecia pela primeira vez desde o início da nossa
participação em eventos organizados. Bem, agora não havia nada a fazer. Apenas
continuar, um pé à frente do outro, agora contra o vento, em direcção ao final,
onde nos reuniríamos novamente.
Assim foi, cada um mantendo o seu
ritmo, sempre passando outros participantes – desta vez partimos mesmo do
final, para termos passado assim tantas pessoas ao longo do percurso e mesmo
assim continuar tanta gente na nossa frente – até cortarmos a meta, não
comprometendo o nosso timing de ficar
abaixo da hora, receber as medalhas de finisher,
fazer os alongamentos finais e, obviamente, tirar a foto da praxe!
De seguida, apenas faltava, como não
podia deixar de ser, trocar de roupa e voltar para a confeitaria para uns
retemperadores docinhos e refrigerantes (chá, no caso da Sílvia, a fraquinha!).
Percebemos quando regressávamos a casa
e no resto do domingo que já tínhamos saudades de participar numa corrida de
estrada! Tantas que logo nessa noite começámos a actualizar o nosso ficheiro de
eventos para podermos ir decidindo equilibradamente aqueles em que iremos
participar ao longo do resto do ano!
Para já, no próximo domingo há trail
em Lagares, Penafiel!
Não percebo...o Eurico não correu a semana passada porque estava lesionado (leia-se estava a chover, estava muito frio, estava pouco apetecível para dar corda às sapatilhas). Este fim-de-semana essa grave lesão evaporou-se e já deu para jogar futebol com os amigos (leia-se não estava a chover, não estava frio)...:p
ResponderEliminarbem, parece que vai ser preciso «apertar» mais com esse preguiçoso....
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