Tinha
chegado o dia da I corrida popular de Santa Maria da Feira. Apesar de estarmos
ambos inscritos, além de mais dois amigos, a Anita teve uma viagem inadiável de
trabalho e infelizmente foi forçada a ficar de fora deste evento.
Sendo
assim, seríamos apenas 3 a deslocar-nos para esta prova e, por conseguinte, às
8h50 já estava eu nos Carvalhos à espera da Sílvia e do Eurico para irmos
juntos para a Feira.
Chegámos
cedo, já tínhamos os dorsais que eu tinha ido levantar no dia anterior e, por
isso, pudemos calmamente estacionar e ir para um café, onde estava quentinho, e
esperar pela hora de voltar ao carro preparar tudo para nos dirigirmos ao local
de partida, que seria apenas às 10h30.
O
mapa do percurso tinha sido disponibilizado pela organização no site oficial do
evento e, mesmo não conhecendo bem a cidade, era fácil perceber que nos
esperariam algumas subidas e, consequentemente, uns km´s um tanto difíceis.
Assim,
mal foi dada a partida, corremos cerca de 100m em plano e lá estava a primeira
curva já em subida, para depois ser praticamente sempre a subir até completar o
1º km.
O
percurso, circular, era composto por uma volta inicial de cerca de 4,5 km,
passava novamente pelo início, seguida de uma segunda volta um pouco maior,
para terminar no mesmo local da partida.
Apesar
do frio que aparentava estar, a verdade é que apenas parado na sombra se tinha
essa sensação. Como estava sol, bastava estarmos fora da sombra, ou a correr,
para que não se fizessem sentir os 10ºC anunciados. Um bom clima para correr,
portanto.
Logo
de início, o Eurico avisa-me que estavam a contar fazer uma corrida lenta, pois
era apenas a segunda vez que entravam num percurso de 10km e sem ser em plano,
e que, por isso, eu não deveria ir a acompanhá-los. Apesar disto, decidi manter-me
junto deles, por um lado para lhes fazer e ter companhia, por outro para também
servir de incentivo a que se superassem. Daí que, sentindo-me bem, marquei um
grupo de cerca de 10 pessoas, homens e mulheres, que me pareceu ir com bom
andamento mas sem ser demasiado rápido, e segui no seu encalço, deixando o
Eurico e a Sílvia uns metros atrás de mim, para a minha esquerda. Ou assim
pensava….
Ao
completar o 1º km, pareceu-me que lá tinha chegado demasiado depressa, mas nem
olhei para o relógio. Apenas continuei a correr. Mas o mesmo aconteceu quando
cheguei à marca do km 3. Aí comentei com o Eurico: depois da subida inicial, a
parte plana e a descida foram boas para chegar aqui rápido. E quando olho para
trás na minha diagonal esquerda vejo um desconhecido a responder-me: “pois
foi!”. Afinal eles não vinham ali ao pé de mim. Tentei olhar para trás para ver
onde estavam mas, com medo de cair, não insisti e, por isso, não os vi. Nesse
momento, então, decidi olhar o relógio e constatei que ia a fazer ritmos por
minuto bem abaixo do normal e do que queria. Decidi então, porque ainda faltava
muito, deixar de seguir o tal grupo e manter-me no meu passo isolado e
conservar forças, não fosse correr o risco de não aguentar e ter de parar ou,
pior, desistir.
O
percurso dirigia-se então, nesta altura, para a passagem na partida para a
segunda volta mais longa um pouco. E esta segunda volta iniciava-se de forma um
pouco diferente da inicial, começando com uma subida mais longa e mais
inclinada onde vi algumas pessoas a deixar de correr e caminhar para poder
aguentar. Fui seguindo sempre, entrando na parte da volta que era comum à
primeira e, a partir do km 6, deu-se algo curioso, que já me tinha acontecido
também nas duas S. Silvestre do Porto em que participei: ia sempre próximo de
dois participantes – um senhor com ar de mais alguma idade e um rapaz que
aparentava a mesma idade que eu – e sucedia que nas subidas eu conseguia manter
o ritmo e passava por eles, enquanto que nas descidas eles aceleravam e
passavam por mim. Nas partes planas, mantínhamos sempre a distância, indo
praticamente lado a lado.
E
assim foi passando o resto do percurso, hidratando sempre que necessário –
neste ponto a organização esteve excelente, com 4 abastecimentos em 10 km – e
apreciando o percurso e aproveitando o sol, até que, após completar o km 8 (o
meu relógio marcava 8,15km) começa uma subida longa, muito inclinada, que
terminava apenas com a marca dos 9 km. Ou seja, quase 1 km de subida, com
inclinação forte, quase a terminar a corrida. Aqui foi dureza e muita gente se
viu um pouco aflita. Foi onde perdi os meus companheiros dos últimos km´s. A
partir daqui fui sempre sozinho e comecei a ver passar, em sentido contrário,
participantes que já tinham terminado e que iam incentivando o pessoal a não
desistir, que estava quase. E estava mesmo. Os últimos 500m, em descida para a
meta, ao sol, foram uma alegria para todas as pessoas que iam terminando.
Cortada
a meta com direito a pose para a fotografia e tudo, paro o relógio e verifico
que, apesar do meu abrandamento ao km 3, termino com um ritmo médio inferior ao
habitual e com menos 3 minutos nesta distância relativamente ao melhor que já
tinha feito. Que surpresa! Não corro com qualquer preocupação nesse sentido, o
percurso não era fácil e mesmo assim isto acontece! (mal cheguei ao carro
obviamente enviei sms à Anita, que está em paragens bem mais quentes e
solarengas, a informar do inacreditável facto)
Fui
devolver o chip à organização e receber a medalha de finisher e esperar pela
Sílvia e pelo Eurico quando, para surpresa minha e deles (segundo os próprios)
reparo que eles também já estavam a terminar, com um tempo não apenas inferior
ao que esperavam mas sobretudo inferior ao que tinham feito na primeira prova
de 10km, com percurso plano. Como a Sílvia repetiu várias vezes ao longo da
viagem de volta: “estou muito orgulhosa!”.
Concluindo,
foi mais uma excelente manhã desportiva, numa boa prova, com excelente
organização e com um clima agradável, em que sentimos que vale a pena
continuarmos dedicados ao desporto, ao prazer que nos dá, a um estilo de vida
saudável e que o esforço de sair da cama cedo, com temperaturas baixas, é
largamente compensado!
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